quinta-feira, 8 de novembro de 2018

Galeria de imagens





      Sandy apreciando  o Mural de Grafite!

Juliana interagindo com grafite

Senhor Evilazaio em frente ao seu caminhão na Praça Memórias do Jaçanã 


Selfie com Senhor Evilazio


sexta-feira, 2 de novembro de 2018

Memórias do Bairro



Ao caminharmos pela Praça Memórias do Jaçanã encontramos o simpático senhor Villa, que mora no bairro do Jaçanã desde os 4 anos de idade. Hoje com 74 anos, ele nos dá uma entrevista rica sobre vários detalhes do bairro.
A entrevista a seguir foi transcrita com pequenas adaptações para uma maior compreensão das informações.

Foto do Senhor Evilazio. Autor:Juliana Modesto

"Meu nome é Evilazio Ferreira Fontes e eu moro aqui há 70 anos. Quando eu vim morar aqui no Jaçanã eu tinha 4 anos de idade, de lá eu segui todo o crescimento aqui do nosso bairro. Na década de 50 praticamente não tinha nada, era muito mato e aqui onde nós estamos no momento era uma rua de terra e cascalho, com um corredor de eucaliptos muito antigos, porque esse hospital é muito antigo. O corredor levaria até o Hospital São Luiz que antigamente não tinha o pronto socorro, era só um hospital para tuberculosos. A Serra da Cantareira começava justamente atrás do Hospital. "

Como é o bairro se comparado com antigamente?

 “Apesar de ser muito diferente de antigamente, era muito melhor do que é hoje porque aqui tinha poucas casas e poucas lojas. Aqui não tinha nada, onde eu morei no Jardim Modelo nem rua tinha, as ruas foram abertas tudo a mão, pá, picareta, enxada e uma caçambinha puxada a burro que o pessoal enchia e construíram as ruas daqui. Aqui na época minha de moleque, o pessoal fala do Trem das Onze, mas eles não falam da boiada que vinha de Carapicuíba que fazia esse trajeto aqui na Avenida. Vinha pela Maria Amália passava no Horto Florestal, passava aqui e ia para o matadouro de Guarulhos também... pra você ver que aquela época quando vinha a boiada de lá, eles vinham pela Avenida porque não tinha fluxo de carro”

Ele também nos conta sobre o famoso trem das onze e suas estações:



[...] Passava o trem ali na Avenida Guapira, era a linha dele. Ele saia da Ponte Pequena e ia até o Centro de Guarulhos, saia de lá da Rua Cantareira com a João Teodoro,  fazia ali onde é o Tietê, passava no Carandiru, Areal, Parada Inglesa, Tucuruvi, Jaçanã, Vila Galvão, Torre de Tibagi, Gopouva, Vila Augusta e Guarulhos, seriam as estações que ele parava. Agora  sobre o trem das 11, ele não saia às 11 horas, ele vinha de Guarulhos e passava às 11 horas aqui. Então existe a composição de Adoniran Barbosa que é famosa e uma música muito conhecida e tradicional do nosso Bairro.[...]”

Sobre curiosidades do bairro:

"Aqui tinha uma lagoa de onde extraiam areia e também a fábrica de filmes brasileiros, com a freqüência de muitos artistas que seriam os personagens dos filmes, como Anselmo Duarte, Adoniran Barbosa, Bibi Ferreira e outros que no momento eu não lembro. Foram filmados aqui os filmes Rastro na Selva, Dólar Surrado e o Comprador de Fazendas."

 O comprador de Fazendas. Fonte:Bairro do Jaçanã Sp, ontem e hoje.
 “Antigamente não era Jaçanã o nome do bairro, seria Chácara Guapira. Ele passou a ser o Jaçanã devido ao clima e as lagoas que eu falei, por isso tinha muito pássaro Jaçanã aqui, então foi mudado o nome de Chácara Guapira para bairro Jaçanã, devido aos pássaros...”

As aves Jaçanãs que tinham em bastante quantidade aqui, ainda tem?

“Não, não tem porque os lagos acabaram todos, aqui chegou até ter represa no Edu Chaves. As lagoas que eles tiravam areia começavam aqui na Serra da Cantareira e iam até a via Dutra, só lagoa. Depois eles passaram a construir a rodovia Fernão Dias em 1959... Quando ela foi construída o trem foi desativado. Foi em 1965 a última viagem dele.”
“Quando eu mudei pra cá era a época que passava o trem, lá na Vila Galvão passando por baixo da Ponte da Fernão Dias você vai ver uma marquise que nivelava a passagem do trem, para ele poder pegar o plano novamente e até hoje ela existe, ficou um marco entende? E até hoje não desmancharam, talvez virou um patrimônio histórico.”

Tem alguma coisa da época do senhor que ainda esta aqui preservada? 

“Aqui quando eu comecei no primário a escola fazia frente a linha do trem mas depois ela foi desativada. Logo depois que foi desativada a linha do trem, a escola foi desativada também.”
Qual era o nome da escola?
“Julio Pestana”

Muro da escola Julio Pestana na Avenida Guapira. Autor:Juliana Modesto
“Existe até hoje aqui, só que ela mudou de local porque antes era em outro lugar, mas ai veio um colégio chamado Aparecida que teria que arcar com dinheiro porque era pago. Depois essa escola também saiu de lá, não sei se ela foi extinta ou se existe ainda, mas passou a ser uma região da prefeitura e construíram um condomínio, agora é um condomínio.”

A Praça mais antiga do bairro é essa aqui?
“Não, essa praça aqui veio depois, a praça mais antiga é a Praça Comendador Alberto de Sousa, a praça que é da época do trem. Quem descia do trem desembarcava e saia na praça, e você pode ver que ela é asfaltada e é paralelepípedo ainda até hoje”



O senhor chegou a utilizar o trem na época?
“Ah sim, era minha condução de trabalho desde quando me conheço por gente, eu sou da época do trem e do bonde, tanto viajei no trem quanto viajei nos bondes também.”


E como foi pro senhor ver tudo que mudou aqui?
"Bom apareceu tudo, tudo que você vê aqui é novo, em vista da minha época, aqui, por exemplo, não era praça, se você quiser conhecer todas as praças vai ter que andar muito [...] aqui o que mais tem é praça, como eu moro aqui há 70 anos conheço São Paulo e grande São Paulo e você vê que é um bairro que você anda e não tem morro [...] aqui pra mim é um dos melhores bairros."

E comparando o ar daqui da região com o ar de outras regiões de São Paulo dá pra sentir a diferença?

“Dá pra sentir pelo que você esta vendo, nosso bairro aqui é cheio de praças e tem a mata da serra da Cantareira [...] O Asilo que é o Dom Pedro II e o Hospital São Luiz que também faz parte da Santa Casa foram construídos aqui devido o clima e eles existem até hoje”

Tem algum lugar nostálgico do senhor aqui?

“De importante... Tudo é importante aqui, agora de importante pessoal eram os bailinhos que tinham aqui, e justamente eram aqueles bailinhos dos anos 60. Tinham os salões de baile e os bailinhos de garagem. Aqui mesmo tem uma casa que a dona era professora e a garagem da casa era comprida e nossos bailinhos eram todos ali, era muito gostoso, muito bom... era fim de semana que a gente se reunia, tipo uma reunião de amigos[...]”

Arte no Bairro

 

 O Bairro do Jaçanã possuí muitas obras de arte pintadas pelas paredes, não precisa se caminhar muito para encontra-las. Na escola Julio Pestana por exemplo a entrada é toda desenhada com diversos tipos de desenhos diferentes.
Artes no Muro. Autor: Felipe Forte
  Um muro enorme próximo a Praça mais antiga do Bairro, a Comendador Alberto de Sousa, se destaca com pinturas divertidas feitas por autores diferentes.
 Deixaremos aqui uma pequena galeria de imagens, iniciando com essa frase tão bonita de Paulo Freire:


Galeria de Artes Jaçanã

Seja a Rainha que você é!








    

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Jaçanã e suas Praças


 O bairro da zona norte de São Paulo ainda preserva suas várias praças e calçadas com grandes árvores. É possível encontrar próximo à Avenida Guapira cerca de cinco praças, algumas até recentemente revitalizadas com equipamentos de ginástica. As praças do Bairro contribuem para a leveza do ar e valorizam momentos de confraternização e descanso para passantes e moradores.
   Praça Memória do Jaçanã. Autor: Sandy Tsukahara
  A Praça João Batista Vasques logo no início da Avenida Guapira atrai vendedores ambulantes, pessoas que estão a fim de descansar, passantes e viajantes esperando a chegada de seu ônibus.
Praça: João Batista Vasques Autor: Juliana Modesto
 Um monumento no meio da praça se destaca, mas pode passar despercebido por olhos mais distraídos, é o Marco da Paz.

O Sino da Paz

 O marco da paz foi idealizado pelo senhor Gaetano Brancati Luigi membro da associação comercial de São Paulo. Ele nasceu na Itália em plena Segunda Guerra Mundial, vivenciando os horrores dessa época. Em 1945 com 8 anos de idade finalmente escutou os sinos que simbolizavam o fim da Guerra. Gaetano desde então tinha o sonho de criar algo que pudesse cativar os povos e guiá-los para a paz. Ele cresceu e veio para o Brasil, mas foi somente no ano de 1999 com a ajuda da associação comercial de São Paulo que seu sonho foi realizado com a inauguração do Marco da Paz no Pátio do Colégio.  A proposta de paz se espalhou por várias cidades do nosso país e do mundo e o sino da Paz veio parar justamente no Bairro do Jaçanã.


Representação dos Continentes: Autor: Sandy Tsukahara
 O Marco da Paz do Jaçanã foi inaugurado em 21 de dezembro de 2012. O projeto é feito de granito e mármore e o sino feito de cobre. No dia da inauguração pessoas escreveram mensagens que foram enterradas em uma urna em frente ao monumento. A urna será aberta daqui 30 anos.

     Marco da Paz Jaçanã. Autor: Sandy Tsukahara



    Aproveitamos para conhecer mais duas praças do bairro. Ao caminharmos notamos que o ar realmente parece mais leve e mais fresco. Entre as sombras das árvores ainda conseguimos ouvir passarinhos cantando enquanto ao fundo da paisagem é possível ver ao longe a Serra da Cantareira.





   Praça: Álvaro Altair Marinelli.



   Praça Wagner Maceira


Continuem com a gente conhecendo cada vez mais sobre o Bairro do Jaçanã, sua história e curiosidades!


Além disso, mulher
Tem outra coisa
Minha mãe não dorme
Enquanto eu não chegar
Sou filho único
Tenho minha casa para olhar
  











sexta-feira, 28 de setembro de 2018

A História do Bairro

 Sobre o Bairro do Jaçanã

 O bairro do Jaçanã nem sempre teve esse nome. Em 1870 o bairro se chamava Uroguapira (terra que tem ouro), pois se acreditava que a região era rica em ouro, mas como tudo não passava de uma ilusão o local ficou sendo chamado apenas de Sitio do Guapira que significa lavra, corredeira ou cortado.    Só em 1930 é que foi renomeado como Jaçanã, nome de uma ave de peito vermelho que existia em grande quantidade no bairro. Guapira ainda ficou sendo o nome da Avenida principal.
Placa da Avenida Guapira. Autor. Juliana Modesto

Trem Das Onze

  O bairro cresceu muito ao longo dos anos e um dos principais motivos de seu desenvolvimento foi a construção da estrada de ferro da Cantareira. O trem da Cantareira ligava o Centro da cidade à Serra da Cantareira e a Guarulhos e funcionou  de 1894 até o ano de 1965. Com a desativação vieram outros meios de transporte pra região, linhas de ônibus e as novas estações do metrô como Tucuruvi e Santana.

Grafite Trem Das Onze. Autor Juliana Modesto
  O trem pode ter sido até desativado a mais de 50 anos, mas foi imortalizado pela canção “Trem das onze” de Adoniran Barbosa. O cantor fez questão de dar fama ao bairro do Jaçanã através do seu samba.

“Não posso ficar nem mais um minuto com você;
Me desculpe amor, mas não pode ser;
Moro em Jaçanã;
Se eu perder esse trem que sai agora às 11 horas;
Só amanhã de manhã. ”

 E em meio ao comércio da região encontramos a Lotérica “Trem das Onze” mostrando que a história não se perdeu.

Lotérica Trem Das Onze. Avenida Guapira Autor. Juliana Modesto



Jaçanã e seus Hospitais

  Podemos ver que o bairro do Jaçanã contém uma longa história e grandes curiosidades. Uma dessas curiosidades é que Jaçanã poderia até ser considerado o bairro da saúde. Por causa da qualidade do ar da região próxima à Serra da Cantareira, ao longo dos anos muitos hospitais e clínicas foram construídos. Entre eles podemos citar o Hospital São Luiz Gonzaga (fundado em 1904) e o Hospital Geriátrico e de Convalescentes Dom Pedro II (fundado em 1885). 



Hospital Geriátrico e de Convalescentes Dom Pedro II

 O Hospital Dom Pedro II foi construído na Rua Glória em São Paulo no ano de 1885 com a missão de ser um abrigo da Santa Casa para os inválidos de qualquer idade, abandonados e doentes crônicos. Em 1911 o abrigo foi transferido para o bairro do Jaçanã na Avenida Guapira, com capacidade para 600 pacientes.  Somente em 2005 é que se transformou no Hospital Geriátrico e de Convalescentes Dom Pedro II onde hoje abriga 225 pacientes. Os internos recebem todos os cuidados necessários e vários tipos de tratamento.

 O Hospital foi projetado pelo escritório do arquiteto Francisco de Paula Ramos de Azevedo com inspiração “Neo-Clássica”, onde até hoje se manteve muito próximo da construção original. 
Para visitar o local é necessário apresentar um projeto e obter a permissão da Santa Casa de São Paulo.

Hospital Dom Pedro II. Fonte: santacasasp.org.br


Hospital São Luiz Gonzaga


 O Hospital São Luiz Gonzaga foi construído no ano de 1904 e era dedicado aos cuidados dos doentes de lepra, onde funcionou até 1930 com este propósito. O Hospital foi reformado e ampliado sendo reaberto dois anos depois com o nome atual, porém dessa vez voltado para tratamento de pessoas com tuberculose. Na época sua capacidade era até 100 pacientes. Ao longo dos anos o Hospital se desenvolveu e graças aos novos medicamentos da época em 1953 se teve fim o tratamento da tuberculose. A partir daí ele se tornou Hospital geral.

  Para sua reforma foram necessários alguns anos de desativação que durou de 1979 até 1988, com essa nova reforma o Hospital inaugurou o pronto-socorro e a Maternidade Centro Obstétrico.

 São Luiz Gonzaga também possuí histórias bem interessantes, pois muitos médicos renomados como Dr. Emílio Ribas e Dr. Jairo de Almeida Ramos trabalharam no local. Também foi palco do Primeiro Congresso Nacional de Tuberculose em 1939.
Visitamos o local porém para registrar fotos é necessário obter permissão do setor de imprensa da Santa Casa de São Paulo. O que pudemos observar de nossa breve visita é que realmente é um local de fácil acesso, tranquilo e arborizado.


Hospital São Luiz Gonzaga. Fonte: santacasasp.org.br


Paróquia São Luiz Gonzaga


 Depois de conhecermos um pouco mais sobre o Hospital São Luiz Gonzaga decidimos conhecer a Paróquia São Luiz Gonzaga localizada ao lado do Hospital.
Paróquia São Luiz Gonzaga. Autor. Juliana Modesto


 Em nossa visita pela paróquia conhecemos duas ilustres moradoras da região.  Dona Neuza Rocha de 73 anos, mora no bairro do Jaçanã a 40 anos. Quando perguntamos sobre as mudanças na região ela é categórica “Mudou muito! Eu não morava aqui na época do trem, mas eu sei que muitas coisas mudaram... Não tinha muitas casas pra cá, tinha apenas uma escola e um mercadinho. Depois foram vindo mais comércios e começou a ter mais e mais moradores,  veio o Bergamini, as outras lojas e hoje tem até o Mc Donalds”.

 Quando perguntamos se ela conhece a história da Paróquia São Luiz Gonzaga, ela nos surpreende com a resposta: “A paróquia antigamente era uma pequena capela que fazia parte do terreno do hospital e só quem podia ir às missas e participar era quem fazia tratamentos, era uma capela para os doentes, mas em 1972 um padre da Santa Terezinha fechou um acordo com o coordenador do Hospital e abriram a capela para todos. Eles a ampliaram e ela virou o que é hoje.” E ainda completa “Antes como não tinha muitos moradores nem todo mundo participava das missas, mas isso mudou quando mais pessoas vieram para a região. O Padre de agora o Hércules Benedito é o terceiro padre, o primeiro ficou cerca de 30 anos”.
  Dona Neuza também nos falou sobre a origem do nome da paróquia “São Luiz Gonzaga era um jovem rico que largou tudo para se dedicar a igreja e aos doentes, no fim ele faleceu com 23 anos de tuberculose”. 

 A partir desse depoimento percebemos a relação entre a história de São Luiz Gonzaga e o Hospital que leva seu nome.

A esquerda da 1° Foto Dona Neuza. Na 2° Foto Dona Maria. Autor. Juliana Modesto
   
 Também pudemos conhecer outra simpática devota: Maria de Lurdes Leite de 70 anos  que veio conhecer a paróquia São Luiz Gonzaga pela primeira vez. Ela está fazendo um tratamento no Hospital e aproveitou para conhecer a igreja já que trabalha a mais de 50 anos no Templo de mesmo nome em Pereira Barreto. Essa senhora simpática foi doadora de sangue desde jovem e disse que ajudar o próximo é o melhor que podemos fazer.

Não posso ficar nem mais um minuto com você.
Sinto muito amor, mas não pode ser.
Moro em Jaçanã
Se eu perder esse Trem
Que sai agora as onze horas.
Só amanhã de manhã.